Crônica: (Re)Engenharia do Rock: EU QUE NÃO AMO VOCÊ
- 30/12/2023
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(Re)Engenharia do Rock
Leonardo Daniel
EU QUE NÃO AMO VOCÊ
Engenheiros do Hawaii – Humberto Gessinger
Eu, que não fumo, queria um cigarro
Eu que não amo você
Envelheci dez anos ou mais
Nesse último mês
Senti saudade, vontade de voltar
Fazer a coisa certa, aqui é o meu lugar
Mas sabe como é difícil encontrar
A palavra certa, a hora certa de voltar
A porta aberta, a hora certa de chegar
Eu, que não fumo, queria um cigarro
Eu que não amo você
Envelheci dez anos ou mais
Nesse último mês
E eu, que não bebo, pedi um conhaque
Pra enfrentar o inverno
Que entra pela porta
Que você deixou aberta ao sair
O certo é que eu dancei sem querer dançar
E agora já nem sei qual é o meu lugar
Dia e noite, sem parar, eu procurei, sem encontrar
A palavra certa, a hora certa de voltar
A porta aberta, a hora certa de chegar
Eu, que não fumo, queria um cigarro
Eu que não amo você
Envelheci dez anos ou mais
Nesse último mês
E eu que não bebo, pedi um conhaque
Pra enfrentar o inverno
Que entra pela porta
Que você deixou aberta ao sair
Eu, que não fumo, eu queria um cigarro
Eu que não amo você
Eu, que não fumo, pedi um cigarro
Eu que não amo você
Envelheci dez anos ou mais
Nesse último mês
E eu que não bebo, queria um conhaque
Pra enfrentar o inverno
Que entra pela porta
Que você deixou aberta ao sair
Análise Pessoal:
Em: “Eu que não amo você” precisamos primeiramente de uma abordagem semântica vinda da gramática gerativa, para entendermos que na verdade cabe muitos sintagmas nessa forma: “eu que [...]” inclusive dizer que: “eu que FINJO que não amo você”. E é assim que o Humberto Gessinger já cantou... Com isso, vamos a análise pessoal.
Um cara que não fuma e pede o cigarro, um cara que não bebe pede um conhaque... o que tudo isso significa? Na exegese da Mitologia Gessingeriana (A Engenharia Hawaiiana) o cigarro representa uma nova oportunidade, uma nova existência, e o conhaque representa a entrega. Isso vem de um fato anterior, mas que vai desencadear no acontecimento aparente de que o eu lírico (aquele que fala) não amar mais o seu interlocutor e isso trouxe sérios problemas: (Envelheci dez anos ou mais/Nesse último mês). Com isso, ele sentiu saudade... e teve vontade de voltar... para casa verdadeira... o nosso lar... no Reino dos Céus. E fazer a coisa certa, mas sem saber do lugar de fala, pois não sabemos de onde ele fala, se é da Terra, ou se é do Céu! Quando ele fala: “aqui é meu lugar”. Ele vive entre os dois. E o seu interlocutor não. Ele trouxe o inverno que entra com a porta aberta que ele deixou ao sair. Ao sair do Céu. (A palavra certa, a hora certa de voltar/A porta aberta, a hora certa de chegar)...
Pelo menos até o momento. E assim:
O certo é que eu dancei sem querer dançar
E agora já nem sei qual é o meu lugar
Dia e noite, sem parar, eu procurei, sem encontrar
À guisa de conclusão:
Para entender a exegese de interpretação das músicas do Humberto Gessinger temos que entender também a visão de mundo que vem de seu interlocutor dialógico, que quase sempre está no lugar de fala de um anjo caído. E em: “Eu que não amo você” não é diferente. Esse interlocutor simplesmente vai embora do Céu; “você deixou aberta ao sair”. E depois, desse ato, nada mais foi como antes, no Céu... tiveram que enfrentar o inverno onde antes havia o Sol. O Sagrado Sol Absoluto.
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Leonardo Daniel
30/09/2023