Crônica: (Re)Engenharia do Rock: NOVOS HORIZONTES

  • 24/08/2023
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Crônica: (Re)Engenharia do Rock: NOVOS HORIZONTES

(Re)Engenharia do Rock

Leonardo Daniel

NOVOS HORIZONTES

Engenheiros do Hawaii – Humberto Gessinger

Corpos em movimento
Universo em expansão
O apartamento que era tão pequeno
Não acaba mais
Vamos dar um tempo
Não sei quem deu a sugestão
Aquele sentimento que era passageiro
Não acaba mais
Quero explodir as grades
E voar
Não tenho pra onde ir
Não quero ficar

Novos horizontes
Se não for isso, o que será?
Quem constrói a ponte
Não conhece o lado de lá
Quero explodir as grades
E voar
Não tenho pra onde ir
Mas não quero ficar
Suspender a queda livre
Libertar
O que não tem fim sempre acaba assim

Análise Pessoal:

Em Novos Horizontes temos mais um primado da liberdade e da intuição de Humberto Gessinger, no qual há um chamado para se libertar (suspender a queda livre /libertar). Muita coisa anímica, muita coisa na alma do eu lírico aconteceu (O apartamento que era tão pequeno /Não acaba mais), um tipo especial de solidão, a solidão do Ser, que se for pra pensar por analogia dos semelhantes, o apartamento pode ser o corpo que abriga a alma, e as partes da alma também, que todos coesos faziam bem a ele, mas que depois houve um rompimento dele com a espiritualidade, o apartamento ficou grande e vazio demais, e um sentimento de vácuo e separação que não acaba mais, vejamos:

Vamos dar um tempo
Não sei quem deu a sugestão
Aquele sentimento que era passageiro
Não acaba mais

Ele está agora quase sozinho no apartamento – corpo. O tempo fora dado, mas algo ficou para trás, o sentimento quando voltou, não era mais o mesmo. E não acaba mais. Afinal:

Quero explodir as grades
E voar
Não tenho pra onde ir
Não quero ficar

Ele precisa de liberdade, como um pássaro livre da gaiola, ele quer abrir as asas e voar, ele não tem um destino certo, mas também não quer ser o mesmo, preso no mesmo lugar de ‘origem’ que o aprisionou... e ele sabe o que fazer - constrói pontes entre um mundo onírico de miríades com a realidade, porque, de fato ele não conhece o lado de lá...

À guisa de conclusão:

Para tentar concluir a canção temos que afirmar que: (O que não tem fim sempre acaba assim), ou seja, ele o eu lírico tem dois focos narrativos, o eu das ações verbais e o tu (vamos dar um tempo). A ligação entre eles não é frágil e não acaba, como pode acabar algo que mal começou? Eles nem sabem quem deu a sugestão de dar o tempo, é uma relação mais entre mestre e discípulo do que um casal! As grades são para os dois, e também estão ambos em queda livre, (Suspender a queda livre/Libertar). Vencem a queda, do interlocutor (tu) é salvo. Isto porque: “Novos horizontes/Se não for isso, o que será?”. A beleza desta música está na maneira singela de tratar o destino.

www.poetaleodaniel.com

Leonardo Daniel

16/07/2023


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